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O estudo da Onomástica e Antroponímia
é de grande importância para o conhecimento de aspectos históricos, sociais,
geográficos, culturais e até econômicos – não apenas de uma região, mas de um
povo. Esse estudo possibilita o resgate de valores de grupos humanos que
habitaram esse planeta durante toda a história da humanidade. Dessa forma, a
etimologia e a história contidas por trás de um nome próprio, funciona como
testemunho vivo do valor, da importância das particularidades que influenciaram
o nomeador na hora de nomear, e o percurso histórico feito por esse pequeno
elemento – o nome próprio- ao longo de toda a história.
A maioria dos nomes próprios clássicos utilizados
hoje em dia na língua portuguesa tem origens na língua hebraica, aramaica,
grega, germânica e os demais, uma profusão de origens persa, celta, bretã,
galesa e também em línguas africanas, asiáticas e indígenas. Deste modo, todos
estes nomes tem uma história para ser contada, que refere-se ao modo como os
povos antigos nomeavam seus membros, com base em aspectos da sua cultura – fossem
estes ligados a qualidades intelectuais, físicas e morais, entidades mitológicas,
a religião ou a natureza.
Nomear uma pessoa é um trabalho
sério e importante: é a partir desse momento que garante-se a própria existência
daquele ser humano único e particular e dá o pontapé inicial para a construção
de sua identidade pessoal. Há uma estreita relação entre o nome, a pessoa que
nomeia e o indivíduo que vai carregar este nome para o resto de sua vida. O processo
de nomeação, portanto, é um aspecto que irá influenciar concreta e psiquicamente
a vida daquele ser.
Evidentemente, o processo de
nomeação de um indivíduo não é feito de modo aleatório, já que o nomeador
representa nesse nome próprio escolhido uma série de intencionalidades: o que
ele deseja simbolizar, homenagear, perpetuar. Por isso é tão comum encontrarmos
nomes com significados profundos e ligados a sentimentos (alma, vida, alegria,
felicidade, etc.), pois afinal, o nomeador encontra neste significado uma forma
de simbolizar aquilo que ele próprio está sentindo com a chegada daquele novo
ser humano.
Por isso é tão recorrente também
a utilização de nomes de ancestrais/antepassados para nomear: ao mesmo tempo em
que celebra-se uma vida nova, resgata-se e dá continuidade a uma memória de uma
outra pessoa, com uma história anterior que admira-se e deseja-se homenagear.
Portanto, o ato de nomear
perpassa todo um ritual inconsciente e simbólico: o nome sempre vai representar
algo muito especial para quem nomeia e nunca vai ser algo aleatório, a não ser
em casos muito específicos - que
infelizmente existem – de pessoas que não ligam a mínima para o processo de
nomear e preferem esquentar pouco a cabeça: esses acabam sim escolhendo
qualquer coisa, com base em alguma sugestão ou alguma inspiração maluca,
ocorrida muitas vezes na hora do parto ou depois que a criança já nasceu.
O ato de nomear é tão importante
que desde que a sociedade humana adquiriu esse status – ou desde a criação do
mundo e tudo que há nele, se assim preferirem – sempre houve a preocupação de nomear o que existe,
desde montanhas, vilarejos, rios, estradas, etc., a começar pelo ser humano.
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Exemplo disso vemos no livro de Gênesis, na Bíblia, que conta sobre a criação do mundo a partir da visão mitológica
do povo hebreu. No capítulo dois, versículo dezenove a vinte, conta-se que
Deus, depois de criar todos os animais que existem, levou-os ao homem para ver
como este os chamaria, pois o objetivo de Deus era que todos os seres fossem
conhecidos pelos nomes que o homem lhes desse. Assim, o homem designou com nomes todos os
seres que Deus lhe apresentou.
Antes disso, o próprio Deus
nomeou o homem como Adão ((do hebraico אדם
relacionado tanto a adamá, solo
vermelho ou do barro vermelho, quanto a adom,
"vermelho", e dam
"sangue") e Eva, O nome Eva deriva do hebraico hav.váh, que significa "vivente", e teria sido dado pelo próprio Adão. No grego,
é vertido por zoé, que significa "vida". Sendo assim,
(...) estava se
configurando, nesse momento, através do ato denominativo, a posse intelectual
de uma espécie sobre as outras, através da manifestação simbólica da linguagem;
o “dar nomes” e “conhecer os nomes dados’, para os primitivos em geral, tinha,
realmente, uma conotação própria, por que pressupunha toda uma recorrência ao
mecanismo de domínio do ente, cujo nome de batismo, o primeiro, clânico, por
certo, se tornava público (DICK, 1987, p. 97).
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Ainda hoje o processo de dar
nomes é o mesmo, pois tudo que surge vai
sendo nomeado para poder ter a existência comprovada. Colaborando com essa
ideia, pode-se citar a ideia de Carvalhinhos (s/d), que assegura que o conceito
de “nome” vem do grego “onoma”, e
era empregado para designar os seres individuais, as atividades humanas e os
objetos (s/d, p. 02), por sua vez, afirma ser o vocábulo “nome” derivado de “nomem’,
proveniente de ‘noscere”, conhecer.
Conforme Vasconcelos, “Onomástico
é originalmente tirado de uma palavra grega que deriva de “chamar” e que passa
a significar “que serve para dar nome”. Tempos depois, passou a significar “explicativo
de nomes próprios”, ‘maneira de denominar” (...) (Vasconcelos, 1959, p. 213).
No site Wikipédia, é possível encontrar a seguinte definição: A onomástica (do grego antigo ὀνομαστική,
ato de nomear, dar nome) é o estudo dos nomes próprios de todos os gêneros, das
suas origens e dos processos de denominação no âmbito de uma ou mais línguas ou
dialectos. Nascida na metade do século XIX, a onomástica é considerada uma
parte da linguística, com fortes ligações com a história e a geografia
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A prática do ser humano de dar
nomes, de fazer conhecer os nomes dados, de conhecer pelos nomes é estudada
pela Onomástica ou pela Onomatologia que é definida por Vasconcelos como sendo um ramo da Glotologia (palavra
grega que significa Estudo Científico de uma Língua), que se ocupa do estudo
dos nomes próprios. Vasconcelos entende por nome próprio não só o de batismo,
registro ou crisma, mas o nome completo (1931, p. 04), ou seja, aquele que vem
acompanhado de sobrenome e às vezes, de apelido e alcunha.
Dessa forma, ele subdivide a
ciência dos nomes próprios em três subáreas: Antroponímia ou estudo dos nomes individuais, com o dos sobrenomes
e apelidos; Toponímia, ou estudo de
nomes de sítios, povoações, nações, bem como de rios, montes, vales, etc; A nós
interessa saber mais sobre o primeiro termo: Antroponímia.
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Segundo a Wikipédia, a antroponímia é o estudo dos nomes
próprios das pessoas, sejam prenomes ou apelidos de família (português europeu)
ou sobrenome (português brasileiro), e que tem grande relevância para a
história política, cultural, das instituições e das mentalidades.
Um dos aspectos levados em consideração
em Onomástica e Antroponímia é a etimologia das palavras. No site Wikipédia
encontramos um conceito bem resumido e compreensível do que se trata a
Etimologia:
Etimologia (do grego antigo ἐτυμολογία,
composto de ἔτυμον e -λογία "-logia") é a parte da gramática que
trata da história ou origem das palavras e da explicação do significado de
palavras através da análise dos elementos que as constituem. Por outras
palavras, é o estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução
histórica.
Algumas palavras derivam de outras
línguas, possivelmente de uma forma modificada (as palavras-fontes são chamadas
étimos). Por meio de antigos textos e comparações com outras línguas, os
etimologistas tentam reconstruir a história das palavras - quando eles entram
em uma língua, quais as suas fontes, e como a suas formas e significados se
modificaram.
Os etimólogos também tentam
reconstruir informações sobre línguas que são velhas demais para que uma
informação direta (tal como a escrita) possa ser conhecida. Comparando-se
palavras em línguas correlatas, pode-se aprender algo sobre suas línguas afins
compartilhadas. Deste modo, foram encontrados radicais de palavras que podem
ser rastreadas por todo o caminho de volta até a origem da família de línguas
indo-europeias.
A própria palavra etimologia vem do
grego ἔτυμον (étimo, o verdadeiro significado de uma palavra, de 'étymos',
verdadeiro) e λόγος (lógos, ciência, tratado).
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Agora que você já sabe os
conceitos de Onomástica e Antroponímia, que tal dar uma olhada nas postagens do
blog?
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